sábado, 5 de março de 2022

Como eu fui parar num navio de cruzeiro – Parte 1

Era uma vez uma Lívia em 2016/2017 que queria mudar de vida, se tornar completamente independente...

Tá não vou ficar escrevendo na 3ª pessoa, é esquisito!

Então eu me lembrei das minhas raízes santistas e pensei “vou trabalhar num navio de cruzeiro”.

Eu falei das raízes santistas pq eu tenho uma impressão de que o santista se quer ter sucesso profissional ele tem 3 opções: ou ele vai ser atleta (sim qualquer esporte é forte em Santos, não é só pra jogador de futebol não); ou vai trabalhar com turismo; ou com alguma coisa relacionada ao porto, afinal temos o maior porto da América latina, muito importante para a economia do país.

Apesar de conhecer muita gente que já trabalhou em navio, comecei a minha independência pesquisando sozinha. 

Achei a Rosa dos Ventos que na época eu não sabia nem que era agencia, pois eu achei um curso deles que falava sobre a vida a bordo. Bem eu consumi todo o conteúdo gratuito deles e até cheguei a comprar o tal curso, mas me arrependi e antes de dar aqueles 7 dias pedi meu dinheiro de volta... Eu já sabia que o investimento pra trabalhar a bordo seria alto, não podia ficar gastando com curso (se as muitas pessoas que eu conheço se aventuraram de trabalhar em cruzeiro sem curso, pq que eu ia fazer né? Minha opinião na época.)

Depois que eu já me sentia mais preparada (tinha começado a estudar inglês por conta própria também) eu achei a agencia Port Side de Curitiba, na época eu morava a menos de 5min de distancia de moto. Me cadastrei no site deles e fui chamada pra um processo seletivo/entrevista. O processo de seleção era basicamente uma palestra falando sobre o trabalho a bordo e sobre as vagas disponíveis. No final eles falavam, não com essas palavras, quem continua interessado aguarda pra fazer entrevista individual, quem não quer vaza. Eu fiquei pra entrevista, na época era presencial, e o entrevistador foi super bacana, desculpem eu não vou lembrar o nome dele. Eu tava bem nervosa por 2 motivos: meu inglês e meu cabelo, já explico. No final ele me deu um feedback muito legal, ele disse que eu passei na entrevista, que eu fui bem, que meu inglês estava bom, mas que eu precisava me soltar mais pq pra trabalhar em navio é preciso ser mais comunicativo, extrovertido e eu estava muito tímida. Ele ainda falou algo como “eu sei que tá frio, e vc tá aí toda encolhida, mas vc precisa se soltar mais”.

O que ele não sabia é que sim estava realmente muito frio e eu fui de moto, mas eu usei essas 2 coisas pra esconder o meu cabelo que era rosa choque! Se não tivesse frio e eu não tivesse usado capacete, eu não teria a desculpa para estar usando meu chapeuzinho de crochê, pq todo mundo sabe que capacete bagunça o cabelo e é comum os motociclistas tirarem o capacete e imediatamente colocarem algum chapéu.

Apesar de ter colocado de maneira que aparecesse minha raiz com a cor natural, eu temia que ele pedisse pra tirar o chapéu, afinal ele poderia até considerar falta de respeito né!

Mesmo ele dizendo que eu passei, na mesma hora ele já avisou que não tinha vaga pra mim. Naquele ano já tinha acabado o boom dos navios no Brasil, então como não tinha tantos, não tinha muita vaga também, mas o entrevistador falou que ia manter o meu cadastro e que quando tivesse alguma vaga que eu me encaixasse que eles entrariam em contato. Vc entrou em contato? Nem eles.

Ao mesmo tempo em que eu estava vendo essas coisas de navio, eu tinha dado entrada no meu processo de cidadania portuguesa. Quem me acompanha aqui já sabe que em 2017 eu fui pra Portugal e não pro navio, e assim ficou a 1ª parte da historia, na próxima vamos dar um salto para 2021.