quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Medical sign off

No dia 01 de julho eu embarquei para o meu 2º contrato. Eu achei que estava mais forte, porque estava fazendo várias atividades físicas, emagreci... mas pelo visto não, pois quando chegou em agosto eu comecei a sentir dores nos joelhos. 

Eu passei julho inteiro trabalhando no crew/staff mess, o trabalho foi puxado, senti dores fortes nas costas, mas tudo dentro do esperado. Quando eu passei pro room service eu comecei a trabalhar mais horas e em um determinado momento comecei a servir a quarentena. 
No Mariner Of The Seas estava funcionando assim: quem pegava covid mudava de cabine, ia pra umas cabines de tripulantes mais isoladas no deck 2, quem pegava influenza ou qualquer outra coisa parecida, ficava isolado na própria cabine, sim junto com o colega de quarto, o que não faz sentido nenhum, pois mesmo que seu colega não pegasse seja lá oque for que vc tivesse, ele poderia estar espalhando algum vírus pois continua trabalhando normalmente. 
O Mariner tem cabines de tripulantes no deck 1, 0 e TW deck. Nosso corredor principal fica no deck 1, o andar que fica na altura do píer para entrar e sair do navio. Até esse andar tem vários elevadores e as waterdoors ficam abertas. Então servir os tripulantes em isolamento no deck 1 era tranquilo pois eu levava as bandejas de carrinho. Mas a maioria dos infectados estavam no deck 0 e TW deck (em baixo do deck 0). Pra esses andares há poucos elevadores e nenhum deles servia pra mim, as cabines são divididas em compartimentos, cada compartimento tem sua escada, mas nem todos tem elevadores. Eu conseguiria acessar todos os compartimentos por 1 elevador se as waterdoors ficassem abertas! 
O deck 0 fica no nível da água, o TW deck fica abaixo do nível da água, o navio é dividido em compartimentos pois caso haja algum acidente como por exemplo um furo no casco, só inundaria o compartimento atingido, e por isso as waterdoors ficam fechadas o tempo todo, e vc só pode abrir com autorização da ponte de comando. 

Voltando para o meu drama, eu tinha cerca de 10 “pacientes”, a dificuldade já começa que no carrinho só cabem 6 bandejas, aí beleza, eu desço com 6 bandejas até o deck1, nunca tinha gente no mesmo compartimento, mas mesmo que tivesse, eu carregava uma bandeja de cada vez, pois se eu cair na escada, além de me machucar, ainda levo um warning porque a culpa é minha. Paro o carrinho no compartimento, pego uma bandeja, desço escada, entrego, subo, pegou outra bandeja, desço 2 lances de escada (TW deck), entrego, subo, vou pra outro compartimento, tudo de novo, faço isso uma media de 10x EM CADA REFEIÇÃO, ou seja, descia e subia escada umas 30x por dia só para servir a quarentena.
Sim tem mais! Entre café da manhã eu almoço eu tinha que verificar, se não me engano, 7 ou 8 compartimentos, sendo 2 deles duplos (deck 0 e TW deck) pra ver se ninguém deixou louça suja nos corredores. Eu brincava dizendo que era o meu cárdio do dia 😅 E tendo tempo eu servia passageiro também. 
As cabines dos passageiros são de fácil acesso, porem os corredores são carpetados, se vc não estiver com um carrinho bom, é terrível rodar no carpete... 
Com tanto sobe e desce era natural que eu sentisse dor. Várias vezes eu fui no medico do navio, ele me deixava 1 ou 2 dias off, tomava remédio e voltava a trabalhar. 
Era pra eu ter ficado no room service 4 cruzeiros, isso ia dar algo em torno de 3 as 4 semanas, mas eu fiquei apenas 3 cruzeiros que deu umas 2 semanas, por que o supervisor achou por bem me tirar, já que eu estava “pegando atestado” com uma certa frequência. 
Fui transferida para o buffet que durante o serviço é realmente um trabalho mais leve, mas depois que o restaurante fecha (que a gente tem mais trabalho) nem tanto. 
Além de eu continuar sentindo dor, eu não queria ficar tomando remédio, e também haviam outros problemas dos quais eu não posso publicar, que me fizeram até pensar em pedir demissão. Eu cheguei a conversar com o gerente de RH, mas enfim não era o que eu queria fazer de verdade, eu queria era sair do Mariner. 

Um belo dia de agosto, fui mais uma vez no medico e falei “me manda pra casa, eu não posso mais continuar trabalhando assim”. Ele reclamou um monte, disse que tinha um procedimento a ser feito, que não dependia dele e ele não podia simplesmente me mandar pra casa. Eu falei beleza então vamos fazer o que tiver que ser feito. 
Tive que esperar sei lá uma semana ou mais até que ele conseguisse marcar uma consulta com um especialista em terra. Nesse tempo continuei trabalhando. Final de agosto fui no ortopedista na Jamaica, medico cubano, super gente boa, hospital na Jamaica top também. Ele me diagnosticou com tendinite e não sei mais o que nos 2 joelhos por fadiga muscular. Recomendou 1 semana de repouso e fisioterapia, aí eu falei “dr. não temos fisio a bordo e eu não posso ficar 1 semana de repouso a bordo, mas não sei se essa recomendação vai ser o suficiente pra eles me mandarem tratar em terra”. Aí ele beleza então eu vou recomendar 15 dias de repouso + fisio, vc vai tomar esse remédio aqui, vai passar essa pomada aqui e boa sorte. Uma observação: todos os remédios e os suportes elásticos (não sei como chama, é tipo munhequeira só que de joelho) foram dados, tanto no medical no navio quanto na Jamaica. Aí voltando pro navio levei todos os docs. pro medico e tal e aí ele me deixou off (já que estava lá recomendado 15 dias né) indefinidamente enquanto ele mandava meu caso pra Miami (escritório em terra).

Dia 1º de setembro fiz medical sign off.
Fiquei sabendo no dia anterior, que horrível desembarcar as pressas. Tudo bem falha minha, eu já deveria imaginar e já deveria ter feito a mala, limpado a cabine... pq sim todo o procedimento de sign off normal é feito. Então em menos de 24h eu tive que arrumar tudo, e passa no RH, e passa no financeiro, na segurança... ai credo, fico pensando se a pessoa tivesse mais debilitada como que faz? 
Eu morava no TW deck, ainda tive que contar com a ajuda do colega que foi inspecionar a minha cabine, pra levar a minha mala 2 decks pra cima de escada, foi a sorte se não ia ta lá até hoje 😂
Bem, só de ter saído do navio já fiquei mais aliviada. 
Uma das coisas que conversei com o gerente de RH além do resign, foi sobre a possibilidade de ser transferida de navio. 
Transferências acontecem sem que os tripulantes queiram, mas nós não temos o direito de pedir. Pra poder pedir vc tem que ter sei lá quantas Stripes, sei lá quantos anos de casa...
Eu indo pra casa tinha mais chances de mudar de navio, só não dava pra escolher. 

Cheguei em casa no final de semana, mesmo assim mandei e-mail pra todo mundo que tinha que mandar porque eu queria me tratar logo pra poder voltar logo. Fui atendida pela Sunmed, são eles os parceiros da Royal Caribbean no Brasil, quem pegou o meu caso foi a minha xará Lívia Barreto, um amor de pessoa, teve uma paciência incrível comigo, super solicita todo o tempo. 
A cia pagou absolutamente tudo. E por isso eu não poderia fazer nada por conta própria, se fizesse eu ia ter que pagar do meu bolso. 
Vegetei uma semana até que marcassem a 1ª consulta com o ortopedista. Como eu não estava fazendo nada, e estava tomando os remédios eu já estava sem dores. Falei toda essa história pro medico e aí ele disse que eu só precisava fazer fortalecimento pra tendinite não voltar. Inclusive no formulário da Royal ele escreveu isso, aí eu falei, dr. a cia não vai pagar academia pra mim não, eu até conheço um personal que é fisioterapeuta, dá pra fazer uns esquemas, mas na documentação tem que ta fisio. Aí ele fez uma gambiarra e colocou fortalecimento fisioterápico. Mandei o formulário. A cia exigiu que tivesse descrito um número de sessões de fisio. Perdi mais uma semana até conseguir a guia medica. Aí falei com meu amigo, passou mais alguns dias até a Sunmed conseguir acertar tudo com ele. Nisso já tinha passado umas 3 semanas... 

Final de setembro começo de outubro fiz a fisioterapia. Foram 10 sessões e eu com pressa pq as contas chegam né. No dia 21 ou 22 de setembro não lembro, eu recebi algo como 50% de uma quinzena de salário, uma micharia, mas não posso reclamar não. 
Dia 10 de outubro pensei comigo, de acordo com a lei de Murphy, se eu pagar academia a LoE vem pra fazer eu gastar dinheiro atoa heuheuheu 
Bem não foi exatamente assim, mas eu precisava fazer então fiz 1 mês de academia com orientação e treino feito pelo meu fisioterapeuta e personal trainer.
Fico até me achando de falar “meu personal” huahauhau.
Depois que acabou a fisio levou mais um tempo até eu voltar no medico pra ele me dar alta, ainda mais que eu perdi uma consulta pq perdi um e-mail, mas tudo bem, tudo acontece por uma razão mesmo que a gente não saiba qual. A cia pediu exame de ressonância magnética aí levou mais um tempo até essa comunicação entre Royal, Sunmed, medico. Ele se recusou a fazer o pedido medico pra ressonância pq ele já tinha me dado alta, pensei pronto, fudeo. Mas não, por volta do dia 20 de outubro o Royal encerrou meu caso sem exame mesmo. Ufa! Nesse dia também recebi 50% de um salário inteiro (talvez seja essa a razão do universo). Logo em seguida veio a loe. Grazadeux veio logo, mas puts embarco dia 25 de novembro, vou ficar o mês todo sem receber nada (pq obviamente o auxilio medico só vem durante o processo medico em que vc está em tratamento). 
Me enganei! E ainda bem! Dia 21 de novembro eu recebi +/- a mesma coisa que recebi em setembro. Eu falo os deuses são bons o tempo todo...
E essa é minha história de como eu vou pro meu 3º contrato em outro navio sendo que meu 2º contrato foram apenas 2 meses😜

quinta-feira, 23 de março de 2023

3 Dicas para a Islândia

2 dicas que recebi e 1 que gostaria de ter recebido:

1- Uma das guias nos aconselhou a usar óculos escuros.
Por que?
Simplesmente pq a Islândia é o país com o ar mais puro do mundo!
Moradores de São Paulo vão entender a diferença 😅
Mesmo no dia que pegamos neve tava sol, no verão tem o sol da meia noite, e o simples fato de ter neve no chão refletindo a luz já é o suficiente pra fotofóbica aqui passar apuro.
Até que surpreendentemente eu passei bastante tempo sem óculos 🤔
Mas que eu comprei um óculos escuro novo eu comprei 😎

2- Alugamos um carro, a moça da locadora passou todas as regras e dicas de conduta, finalizou com: "... e quando for abrir a porta do carro segure ela pq os ventos aqui são muito fortes e pode ser que arranque a porta do carro e seguro nenhum cobre isso!"
Sim eu não sabia o que era vento até ir pra Islândia.
Tomei cuidado com a porta do carro mas da casa deixei escapar, ela abriu com tudo e sorte que não deu nada 😅 a porta já tava ruim, imagino que mais gente tenha descuidado.
Também conseguimos perceber a força do vento no movimento da água, quando empurra o carro se vc não segurar firme o volante, e quando vc se afoga 🤣 tá isso foi uma coisa que aconteceu algumas vezes comigo quando eu ia falar e me engasgava com o excesso de oxigênio

Bônus- pelo sol da dica 1 e o vento da dica 2 eu acrescento a dica de estar com seu skincare em dia e levar seus produtos, principalmente protetor solar!

3- Eu tava com o bolso preparado (leia cartão de crédito), mas eu não pensei que gastaria cerca de 90 reais em sopa ou mais de 100 num hambúrguer com batata frita ou uma salada! E isso era uma dica que eu gostaria de ter recibido antes de ir, mas tudo bem.
Todos os lugares que fui aceitou cartão, a maioria nem perguntava se ia usar dinheiro (o país é muito turístico além de estar estampado na minha cara)
A Lídia conseguiu usar dólar de boa e o troco veio em coroas islandesas, aí a gente foi usando daquele dinheiro e na volta trocamos o que sobrou por dolar americano de novo sem problemas.

Comidas típicas e custos da viagem são conteúdos pra outras publicações
Aguardem!

Enquanto isso vão aproveitando os últimos destaques do Instagram que são todos da Islândia (da pra perceber pelos nomes esquisitos)

Mais dicas ou dúvidas deixem nos comentários 😉