Amanhã vai fazer 1 ano que eu, literalmente, embarquei na maior aventura da minha vida!
Eu tinha a intenção de postar com frequência, falar sobre a vida a bordo e talz, mas quando vc ta la dentro vc percebe que vc precisa priorizar outras coisas, e eu priorizei meus relacionamentos interpessoais, até mesmo pq eu não ia perder tempo com internet sendo que eu tinha coisa mais importante pra fazer quando não tava trabalhando como por exemplo dormir, sair pra passear e encher a cara com os amigos pra não descontar o estresse nos "inimigos" 🤣
Eu reli uns posts antigos e vou fazer uns comentários:
Eu já devo ter comentado em algum lugar que eu peguei fama de pegar medical (atestado) quando estava cansada ou não gostava do trabalho. Claro na hora que fiquei sabendo eu fiquei puta pq é muito injusto, os cara olha minha cara de novinha e acha que eu tenho que da conta de tudo!
Fiquei doente e me machuquei mais vezes do que gostaria, hoje em dia eu não ligo, eu tenho consciencia de que não vale a pena se matar, a Cia precisa mais de mim do que eu dela e brasileiro de modo geral sempre vai ter má fama seja pelo motivo que for.
Quem me falou dessa minha fama foi aquele meu primeiro supervisor que eu falei que era legal, mas quando ele voltou ele não tava mais tão legal assim. De qualquer forma essa fama foi boa pq fez com que ele me colocasse no night shift, isso já no fim do meu contrato, e em relação ao trabalho foi a melhor época.
Sobre momentos emocionantes, eu vi um eclipse lunar em alto mar, não lembro que dia foi, só lembro de ter chorado pq poha, só tinha praticamente a luz da lua, eu tava na proa do navio, não tinha nenhuma luz significativa acesa. Aquele dia eu senti que tava valendo a pena.
Outro momento foi quando fui pra Bermuda a primeira vez que o navio ficou inclinado, aquele dia eu ri de nervoso, tava trabalhando no windjammer.
Trabalhar no room service não é facil, deve ser como no housekeeping. Eu já atendi um rapaz peladão, já atendi um velho só de toalha que pegou nas minhas mãos ao inves de segurar na bandeja, teve amigo meu que pediu pra eu ir atender o casal de gays que convidou ele pra entrar na cabine (não fui 😆). Mas como tudo nessa vida tem o lado bom e ruim, não é qualquer tripulante que conhece a ponte de comando, a cabine do capitão e todas as categorias de cabines por exemplo...
Depois da minha quarentena do inicio eu não vomitei mais nenhuma vez de enjoo. Além da maçã verde e pão, tomar ginger ale também é uma boa ideia pra aliviar seasick. Pra mulher, brasileira, é relativamente fácil conseguir essas coisas a qualquer momento pq tem um monte de cara da cozinha e do bar apaixonados por vc...
Eu não lembro em que momento eu aprendi a hierarquia do restaurante, só sei que quando eu aprendi eu comecei a tocar o foda-se pro tanto de gente que tinha querendo mandar em mim. Eu seguia o que a patente mais alta falava, se eram do mesmo nível eu escolhia o que queria fazer, simples assim 💁
Eu dei muuuuuita sorte da pessoa do financeiro ser um br
Hugo se vc estiver lendo, beijo seu lindo, obrigada por tudo
Entender sotaque de outras nacionalidades é uma dificuldade real, e entender como vc ta recebendo, o que ta sendo descontado, reembolso de visto e etc. é muito importante né!
Eu peguei COVID em junho né, e depois não postei mais nada, mesmo que, depois que voltei pro navio a vida a bordo foi um pouco mais fácil, mas muito se deve pelo que falei antes de priorizar relacionamentos interpessoais. Me sinto muito grata por ter conhecido muita gente bacana, muito brasileiro pra me fazer me sentir mais em casa, muito mais gente boa do que pau no cu (os pau no cu era basicamente de supervisor pra cima e nenhum brasileiro)
Agora já pararam, mas logo que voltei pra casa me perguntavam bastante se eu volto a trabalhar em navio e a resposta continua sendo, pro restaurante não!
Mesmo pra outras posiçoes eu ainda tenho minhas resalvas, talvez quando eu aprender a não me apegar às pessoas eu volte, vamos ver o que o futuro me reserva.